15.5.09

“A tecnocracia não tem ideologia”

Livro da Semana
Fernando Sobral acaba de publicar em livro as crónicas que escreveu para o Jornal de Negócios, entre 2004 e 2009, sobre Os Anos Sócrates. Sob esse título, e a pretexto do percurso do primeiro-ministro, é de política portuguesa que fala e escreve.
"Este livro acompanha a ascensão de Sócrates no PS e a sua aproximação ao poder, mas, sobretudo, sintetiza um jogo de xadrez que há na política portuguesa e que faz com que os peões acabem por se tornar reis e rainhas. O livro representa o grande jogo de interesses que ultrapassam muitas vezes as próprias personagens. Centra-se em Sócrates porque é ele o centro de todas as tensões políticas nacionais dos últimos quatro anos", explica.
No prefácio, Marcelo Rebelo de Sousa pergunta-se se é possível guardar impressão positiva destes quatro anos de Sócrates no Governo. "Não me parece. Sócrates surge num momento de profundo desencanto: Durão Barroso foge para Bruxelas. Santana Lopes faz, em oito meses, os piores malabarismos políticos de sempre. A Casa Pia dinamita a liderança de Ferro Rodrigues. E é neste cenário que surge Sócrates, um tecnocrata puro à frente de um aparelho de Estado que tem o único objectivo de tomar e exercer o Poder. Acontece que a tecnocracia não tem ideologia", responde o jornalista e escritor.
Fernando Sobral estudava Direito quando o Jornalismo lhe trocou as voltas. Começou pela Música e a Literatura até chegar à Política e à Economia, onde se mantém no
Jornal de Negócios, Correio da Manhã e Sábado. Autor dos romances Na Pista da Dança e O Navio do Ópio, prepara o terceiro.
"A crónica é um desafio, mas a ficção é extraordinária. O meu próximo livro é um policial e explora o que cada vez me interessa mais: uma ficção labiríntica", diz.

PESSOAL
UMA MÚSICA
"A música de referência não será uma, mas duas: ‘Love Will Tear Us Apart’ (Joy Division) e ‘This Charming Man’ (The Smiths). São músicas que me marcaram e que ainda hoje me emocionam."
UM LIVRO
"O
Admirável Mundo Novo, do Aldous Huxley é extraordinário e cada vez mais actual, mas James Graham Ballard e Joseph Conrad têm os livros mais geniais e estão entre os meus escritores preferidos."
UM FILME
"Um filme que é, para mim, absolutamente marcante é o ‘Blade Runner’ (1982), de Ridley Scott, com Harrison Ford, aliás, baseado no texto de um outro grande escritor: Philip K. Dick."
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Dina Gusmão

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